quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Meu anjo Solidão

Solidão!
Desabo nos braços da ilusão
que nunca vou sentir
além da minha imaginação.

Solidão!
Tristeza que externa o silêncio
do meu coração cansado
de vivenciar essas mentiras.

Solidão!
Esse anjo que me protege
está sempre ao meu lado
e que realmente gosta de mim.

Franca Leal

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Minha nova era, poética!

Eu... Poética...
como a sombra que dispersa
para uma nova era do meu ser...
Um nova era para viver intensamente.
Tristeza?! Missão suspensa!
Coração?! Guia minha mente!

Nova flor que desabrochou na dor
para sentir a beleza eterna do amor.

Seguirei a lua
até tocá-la com meu olhar.
Boa viagem, até que eu chegue lá,
e descubra que lá, já estive,
cheia, minguante, crescente,
errante, distante,
amante,
nova!

* Jenny Faulstich

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Despertada, des-atenta e declarada

O calor de um inferno interno
vão além do meu choro de sangue,
faz-me desejar acordar de um pesadelo,
em que me vejo desnuda
num completo desprezo.

Minha alma vaga silenciosa e calma
nesse irônico e incômodo desejo
e crê que algum dia
o espelho realizará o anseio
de não mais mostrar, o que vejo.

Franca Leal

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Coisas que chegam ao coração...

Algumas coisas me impressionam.
São aquelas que chegam ao coração.
Uma lembrança, uma palavra
de esperança, carinho ou perdão.

Tocam minh'alma trazendo a reação
de sentir que algo em mim ressalta
vida, harmonia, beleza, emoção.

Consigo ver então
o brilho das estrelas
refletindo pelo chão,
faz com que seja iluminado
até mesmo o que ser que ama
e finge que não,
resplandecendo as flores
do jardim dos amores
por aí perdidos ou abandonados,
nenhum ainda por mim, encontrado.

Enfim,
já que dizes que eu existo
digo a ti que agora sinto
o que eu já havia esquecido.

Franca Leal

(RE) SENTINDO

Lá fora o dia passa em primavera. Pássaros cantam. O sol torna a brilhar após longo período de estiagem. A vida acontece lá fora e, no entanto, dentro de mim um eterno outono despedaça minha alma.
Porque quando estamos tristes transpomos para o exterior nossas angústias e desafios? Ah! Seria tão mais simples se um dia claro pudesse espairecer nossas dúvidas e fazer-nos mergulhar em ondas de contentamento. Contudo não é o que percebo. Prefiro inclusive os dias nublados que me acolhem em minhas meditações. Os dias claros apenas me fazem perceber o quanto de vida estou perdendo em dores amargas e inúteis. Vazias. Passadas.
E aqui estou eu novamente falando do passado!
P-A-S-S-A-D-O!!!
Não existe mais.
E, no entanto, prendemo-nos tantas vezes àquilo que se foi, revivendo velhas dores, velhas mágoas, plantando conscientemente sementes para futuras lágrimas. Mas o que se há de fazer? Não existe remédio certo para um coração partido. Palavras são apenas palavras e trazem consolo momentâneo para nossas aflições. Como diria Neruda, “é tão curto o amor e é tão longo o esquecimento.”.
A cura sempre vem em doses homeopáticas, ao inverso da paixão, que arrebata e consome em curto espaço de tempo, deixando apenas a dor como lembrança. A grande alegria de tudo isso é saber que, em algum momento, sem aviso prévio, sem um bilhete de adeus, sem sequer um “tchau”, ela se vai. Sem despedidas, sem saudades, sem nada. Apenas uma ausência leve, (pré)sentida em momento de solidão acompanhada.
E é assim neste eterno (re)sentimento de coisas que podemos sobreviver ao eterno ciclo do amor e do esquecimento.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

"Eu", ela, eu e os versos

Comecei a conhecer um pouco da obra de Florbela Espanca, por indicação de dois queridos amigos: João Marcello (Johnny) e Robson Santos (Robinho). O comentário de um deles, embora já faça - gentilmente falando - um bommm tempo, e corrijam-me se eu estiver equivocada, foi algo similar à: "Seus versos têm um 'quê' de Florbela, você já leu?". Até então eu nunca tinha sequer ouvido falar. Procurei na 'grande rede' por alguns poemas de autoria dela para ter noção sobre esse 'quê', pois pareceu-me ser um grande elogio. Um dos primeiros que li:


"EU

Eu sou a que no mundo anda perdida,
eu sou a que na vida não tem norte,
sou a irmã do sonho, e desta sorte
sou a crucificada ... a dolorida ...

Sombra de névoa tênue e esvaecida,
e que o destino amargo, triste e forte,
impele brutalmente para a morte!
alma de luto sempre incompreendida! ...

Sou aquela que passa e ninguém vê...
sou a que chamam triste sem o ser...
sou a que chora sem saber porquê...

Sou talvez a visão que alguém sonhou,
alguém que veio ao mundo pra me ver
e que nunca na vida me encontrou!"


Causou-me aquela reação do tipo: "onde assino?". Ultimamente tenho lido um pouco mais, o que na verdade acho que deveria ser um hábito constante e admito, não leio com a freqüência que gostaria. Mas estou me esforçando. E para compartilhar entre outras descobertas literárias maravilhosas que tenho felizmente vivenciado, mais uma citação de Florbela, que encontrei no livro 'Poesia de Florbela Espanca' Volume 2, que me fora emprestado gentilmente pelo amigo Abel Ricardo:

"...O meu mundo não é como o dos outros, quero demais, exijo demais, há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que nem eu mesma compreendo, pois estou longe de ser uma pessimista, sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada, uma alma que não se sente bem onde está, que tem saudades... sei lá de quê!"

Abrçs...
* Jenny Faulstich

Apresentação: Dalréa

Hoje estou árvore, às vezes estou bicho, noutras pedra, mas hoje estou verde, farta, frondosa. Tenho sombra, tenho frutos, raízes profundas e folhagem esparramada. Quero o sol, quero a chuva e ninhos na minha ramagem. Amanha, não sei.

Dal

Apresentação: Liz Toledo

Apresentar.
Definir.
Como dizer quem sou se nem ao menos Eu o sei?
Peço ajuda ao poeta para elucidar até para mim mesma um pouco de minha alma desconhecida.

Não Sei Quantas Almas Tenho
(Fernando Pessoa)

Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: “Fui eu?”
Deus sabe, porque o escreveu.

Coletivos I - Sereno iluminado

Final de expediente. Iniciei o meu caminho, dessa vez, direto para casa. Como já faz parte da rotina, a condução que necessito demora a aparecer, porém, dessa vez, o sereno caindo e a pressa aumentando, saí do escritório sem o bendito guarda-chuva e comecei a perceber que o sereno evoluía. ‘Só falta virar chuva’ – pensei.
Eu que já previa a demora – ‘previa’ nada, afinal, rotina é rotina, mas mesmo assim, torcia para que a demora não acontecesse – havia jogado na bolsa um livro para ajudar a encurtar o percurso, caso o motorista bondoso viesse a passar pelos caminhos menos vibrantes. Lendo, compreendendo, me identificando com alguns dos poemas de Leonor Vieira-Motta, selecionando algumas páginas com um clipe ou uma dobra no cantinho da folha – visto que o livro me pertence, não dobraria um livro emprestado – parei no poema intitulado “Para estar vivo basta morrer”. Espero que Leonor – que já tive o prazer de conhecer em um momento inesperado e memorável; uma das edições do Sarau Imortais: Mulheres – não fique brava ao ver que citei seu poema sem permissão, mas eu não resisto aos versos que de alguma forma me tocam ou que me identifico:
"Morre-se de rir / de quem morreu de susto..."
Não teve jeito, logo ri, lembrando de uma cena de um susto alheio da qual caí na gargalhada... Desculpem a minha memória bem humorada. Concentrando no poema...

"Morre-se de rir
de quem morreu de susto
e de fome
de que também se morre.

Morre-se de raiva
de quem morreu de inveja
e de tristeza
de que também se morre.

Morre-se de pena
de quem morreu de vontade
e de medo
de que também se morre.

De paixão também se morre
quem sobrevive
não morre de véspera
morre de amor."

O ônibus parou, e o motorista – vesgo – simplesmente nos abandonou! Desceu, atravessou a rua e entrou na padaria – se eu soubesse teria lhe pedido pra trazer um doce, quem sabe um sonho – ainda no embalo da poesia, abri a janela e me peguei admirando o sereno iluminado. No momento já estava bem mais denso e as cenas pareciam transcorrer em câmera lenta nessa minha viagem emotiva imprevista. Voltou o motorista, torno a dizer, vesgo, e jovem, claro que me chamou a atenção quando eu havia adentrado no ônibus.
Retomando o percurso, o sereno forte, iluminado, óbvio que pela luz de um poste, em que estava amarrada uma faixa, muito bem desenhada, cores em harmonia, enfim, chamando a atenção de forma muito agradável. Não recordo o nome do feliz homenageado, mas não esquecerei o que dizia: "Parabéns pelo seu aniversário, nós te amamos", e não pude ler os nomes dos autores da tão bem exposta homenagem, pois o ônibus já estava virando a esquina, e ironicamente me deparei com outra faixa, dessa vez presa nas grades de uma instituição pública – em que dizia: "Estamos em GREVE". Letras na cor vermelha e o fundo em amarelo, gritante... Achei interessante o contraste. Analisei brevemente algumas coisas entre o que diz o poema, o sereno, o contraste das faixas – motivos, objetivos, acasos e efeitos.
Mas a outra questão é que resolvi descrever o fato, e na situação, nada de papel, nada de caneta... ‘Ainda bem! O celular para quebrar o galho!’ Acessei as anotações da agenda, tentei escrever o mais depressa possível, até mesmo abreviando para não correr o risco de deixar para escrever os detalhes depois e nunca mais tornar a lembrar. Dei-me conta que o ônibus já estava chegando ao meu ponto de destino, eu teria que parar com as anotações. Só então vi que eu tinha esquecido completamente de fechar a janela e molhara o visor do meu celular. Num gesto breve, sequei-o com a beirada da camisa. Levantei, encaminhei-me para a saída. Só tinha esquecido mais uma coisa... Tinha esquecido de salvar!... Confesso, não esqueci não, mas creio ter causado uma reação interessante pra quem leu até aqui. Na verdade, perdi o texto-rascunho-inicial sim, mas foi pior do que ter esquecido. Abafada, pois já estava bem próximo ao ponto – mas bem próximo mesmo, sequei o visor do celular, levantei rapidamente e crente de que apertaria a tecla correta para gravar as anotações, apertei sei lá qual delas, menos a que deveria. Não tinha nem percebido. Na certeza de que tinha feito tudo certinho, desci convicta de que chegando logo em casa, passaria a limpo e terminaria de descrever o fato, e decidida a não mais deixar de escrever tudo que me chamasse a atenção, como sempre acontecia até então.
Só sei que chegando em casa e me deparando com o meu querido e básico aparelho, uma tela que não deveria estar aberta, que dizia “novo comentário”. ‘Ué!’ – pensei – ‘celular desgraçado, terei que lembrar tudo outra vez’. A diferença foi que dessa vez não desisti, esforcei-me e acho que consegui lembrar e passar, alguns dos vários detalhes que vi, senti, e queria de alguma forma, imortalizar. Teimosa que só, dessa vez pelo menos consegui, por mais simples que pareça ser. Superei um fantasma que muito me incomodava.
Quanto ao que me passou pela cabeça nessa junção e análise das cenas e imagens que me chamaram a atenção, guardarei para mim, a minha conclusão. “Para estar vivo basta morrer” – “um sereno iluminado” – “nós te amamos” – “Estamos em greve”. De repente eu compartilhe num dia qualquer, quem sabe até num poema, é uma idéia. Mas e você, o que acha?

* Jenny Faulstich

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Estilhaços do Olhar

A lágrima desperdiçada
pela presença ausente
numa omissão ingrata
que o coração consente
são estilhaços de um olhar inconseqüente
estilhaços de um olhar entorpecente
estilhaços de um sorriso feliz
não direcionado para mim
e causaram feridas sem fim
pelo nada que sempre se quis.

E o que me resta é o olhar,
triste olhar,
vago olhar,
o meu olhar
vendo o inteiro mundo vazio do meu coração,
já não sabe mais o que é amar,
olha triste tudo que vê passar,
mas nada vê,
ninguém vê,
ninguém quer ver... meu olhar...

Franca Leal

Onde estão os Direitos HUMANOS!!?

Sei que parece repetitivo, e sei que não é a primeira vez que vamos ver esse tipo de tragédia “anunciada ou não”, mas se os policiais tivessem atirado e matado em frente às câmeras o Lindemberg Alves com certeza estaríamos vendo varias pessoas e os “Direitos Humanos” querendo a cabeça do policial que atirou e condenando a atitude de policia. Como quem morreu foi novamente a vitima, a pessoa que não estava transgredindo a lei, e que não oferece risco a sociedade, então não vemos o pessoal dos direitos humanos se manifestarem, e se o fazem, não o fazem de forma que seja suficiente para a sociedade.Não seria talvez seja por conta da falta de exemplo, e a certeza da impunidade por parte dos animais que comentem crimes como este? Até quando seremos obrigados a conviver com tanta selvageria?Fico me perguntando até quando ainda vamos ver, aturar, e conviver com cenas como essa da menina Eloá e Nayara de Santo André como a do mínimo João Helio do Rio e tantas outras tragédias passadas e que estão por vir se continuar como está? Nossos impostos não são pagos justamente para que policiais sejam treinados para resolver crises como essa?Será que existe alguma coisa a ser feita para buscar uma solução?Continuo batendo na tecla que nós cidadãos comuns é quem somos culpados! Por dois motivos, não cobramos das autoridades soluções para a violência exacerbada e a falta de impunidade (só nos dias que acontece) e banalizamos a morte de pessoas inocentes, passou a fazer parte do nosso dia a dia. A maioria das mortes não nos comovem mais.

Quando estava terminando de escrever esse desabafo em forma de questionamento e revolta
contra a violência, tive a notícia sobre o pai da Eloá, então escrevi o complemento e vou colocá-lo aqui também, na mesma postagem.

Sogro e genro na mesma cela?

Após a tragédia que foi a morte da menina Eloá e o enterro do corpo da menina, somos surpreendidos pela notícia de que o pai dela é foragido da policia de Alagoas sob a acusação de fazer parte de grupo de extermínio formado por policiais militares. Seria muita ironia da vida ver Aldo José da Silva ( pai de Eloá) e Lindemberg Alves, (Namorado e assassino da Eloá) dividirem a mesma cela. Como dizem alguns sábios os fantasmas cultivados por um homem o segue pela vida toda, e um dia o encontra, o que nos dá a certeza de que o inferno é aqui e que nossos crimes não ficarão impunes.

Apresentação: Edinho Miranda

Assim sou eu.

Sou cidadão do mundo!
Escravo da solidão!
Divorciado do amor,
casado com a paixão...
Não quero lares nem uma “vida”!

Apenas ser feliz!
Felicidade,
precisa de sorrisos,
E sorrisos, não posso lhe proporcionar por toda a vida!
Quero então, o melhor de ti.
O sorriso também! Mas este, sempre será teu!

Quando comigo estiveres
Que não exista mais nada,
Apenas, você e eu, em um só nós!
Sem medos ou pecados
Sem roupa ou pudor

Apenas dois corpos jogados,
Gelados, suados, cansados
Corações acelerados
E um momento imortalizado
Amor!, sofrimento...esperança. Não!!!!
Prefiro lembrar-te eternamente a sofrer uma “vida”

Incêndio, chuva, vendaval
Infindável ritual,
a cada chegada, a cada despedida
Não me queiras como seu
Faça-me apenas, seu ponto de partida.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Apresentação: Jenny Faulstich

Apresentação é algo delicado de se fazer... escolhi um poema para falar por mim... e aos poucos, como é a proposta do blog, vamos nos conhecendo... 'a varejo', rs, abrços... Jenny


MINHA SINA

Meu suplício que tanto tento impedir
chega ao ponto em que não posso mais fingir,
desisto de tentar entender ou sorrir
e converto minhas torturas em elegias
esquecendo minhas conquistas e alegrias
pois nada mais faz sentido em meus dias.

Então eu me enlaço com a solidão,
tristeza intensa que parece não ter fim.
Já passou a ser minha sina, minha condição,
porque ninguém vai fazer uma canção de amor pra mim.

* Jenny Faulstich *

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Novo dia

Quero um novo dia
quero um dia de poesia...
Que mesmo a palavra mais triste
tenha a beleza da criatura que existe...
aqui dentro...

Libertação!
Desejos e estrelas caindo ao chão,
entrelaçando minha cintura:
- Não foge não!
Quero um novo dia,
vida, amor e paixão!

Franca Leal

Apresentação: Franca Leal

Sou como ninguém mais pode ser!
Com minhas razões e loucuras...
menos razões e mais loucuras...
Insensatez sem qualquer vaidade,
pois sou puramente... verdade...

Franca Leal