quarta-feira, 29 de julho de 2009

Resende e as xilogravuras

Não pretendia escrever aqui nada que não fosse poemas... porém ao caminhar por Resende percebi algumas coisas estranhas nos postes e paredes e não resisti... e vi também que somente um texto não seria capaz de traduzir o que pensava então fiz o vídeo que segue abaixo.

Aqui transcrevo as legendas....


Prólogo

A cultura veste-se quase sempre de terno ou blazer, vestido longo e charpe. Refugia-se em museus, salas escuras de teatros e galerias do MAM, MAC e afins, entre pessoas soberbas e chãs. Nas palavras de Monteiro Lobato diria que teorizam a arte pendurada nas paredes ou encenada nos palcos “com grande dispêndio de palavrório técnico, descobrem nas telas intenções e subintenções inacessíveis ao vulgo, justificam-nas com a independência de interpretação do artista e concluem que o público é uma cavalgadura e eles, os entendidos, um pugilo genial de iniciados da Estética Oculta”.

Contudo, graças a Deus e a alguns espasmos de originalidade, nem tudo é tão modorrento...

Arte Insólita

Eis que um dia um bando de garotos decide fazer xilogravuras... e colá-las nas ruas... se as pessoas não vão à galeria, pois bem, a galeria que venha às pessoas, é assim que se justificam as centenas de gravuras fixadas em postes, paredes, pilares e outros lugares públicos de Resende.

É a arte ofensiva, ofensiva no sentido de sair das galerias esterilizadas e infecundas e invadir a polis, a cidade... Laçando, não pela sofisticação cultural, mas pela curiosidade e pelo insólito, seu público.

A Cidade e a Polis

Cidade

Polis

Comunidade

Arte

Como se relacionam as pessoas com a cidade? Como se relacionam os resendenses com Resende? Haverá, Houve ou há um movimento estético resendense?

O belo, o feio, o prazer de contemplar-se no espelho, será que temos isto? Auto-estima... ou auto flagelação? Autopiedade ou automatismo ao caminhar pelas ruas como se fossem túneis, sem olhar para os lados, sem perceber a cidade, as pessoas, apenas os buracos fazem-se perceber, mais por abundância do que por perspicácia do observador...

O gosto do bom gosto

Arte... sementes de bom gosto... um choque aos olhos acostumados a cinza, cal e asfalto... ou apenas poluição visual? Ou somente anarquia gratuita sujando paredes e pilares de pontes? Arte ou somente contestação barata? Arrogância de artistas petulantes ou um gesto de gentileza urbana? Não sei... porém, acima de tudo, é uma arte incômoda que grita para ser ouvida... que o bom senso nos levar a pensar a respeito... de nós... das gravuras... e da cidade.

Pensemos a cidade... pensemos nossas casas e ruas, nossos rios... nosso espaço, pois como criaturas urbanas este é nosso habitat, este é nosso mundo.

Abraço,

Washington Lemos

domingo, 19 de julho de 2009

Arctitude

Aquela aranha se acumula nas paredes.

Uísque na garganta

Tedioso tilintar do gelo

A solidão no fundo do copo...

Riscos rabiscos palavras insidiosas

Todas aquelas besteiras escritas na inocente folha em branco

Que aceita tudo mudamente... em silêncio...


Corpo

Copo

Saliva

Beijo

Aperto cama cama carma

Braços tortos

Pele ondulada

Cheiro

Perfume

E coisas afins.


Quadris quadris

Arctitude da cintura

De coxas

Quadris quadris

Tão Ardis.


Rodopia

Gira

Gira

Estira-se

E se deita no chão.


Uísque na garganta

Tedioso tilintar do gelo

A solidão no fundo do copo...



WML

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Bazar

Vendo meus sonhos,
dôo meus pesadelos,
empresto minhas asas,
deixo meu sorriso,
passo o que eu sinto
porque não sou capaz
de guardar para mim.
Na falta de interessados
pode levar o que desejar,
meus olhos, minha boca,
minhas palavras tristes,
meu suicídio coletivo,
meus momentos de loucura,
meus instantes de poesia,
minhas breves lembranças,
meu instinto de parasita,
seja lá o que pareça ser
e não é.
Vida, luz, coragem,
fraqueza, solidão,
minha imagem,
minha busca na arte,
tato, audição, paladar,
minha essência empoeirada
na vitrine de um bazar.

Jenny Faulstich
(17/07/2009)

domingo, 12 de julho de 2009

Meu desejo

Meu desejo é de escrever uma poesia e que não seja a mais bela das poesias,
ou mesmo que fale de lindas estórias de amor, nem precisa falar de amor ou, quem sabe,
mesmo que traga algum conteúdo para servir de lição de vida, ou moral, que não fale de
fantasias. Nem precisa servir de inspiração para alguém, se for alegre, ou se for triste,
não importa. Quero apenas achar uma porta.
Não precisa nem ser uma poesia de verdade!
Eu queria poder escrever alguma coisa que fizesse sentido. Sentido para mim e,apenas para mim!
Escrever algo que me elevasse ou diminuísse contanto que me tirasse daqui, que me tirasse de dentro de mim.
Algo que fosse tão pesado que o peso de dentro do meu peito parecesse apenas ar,
algo que fosse tão sujo que a sujeira da minha alma parecesse apenas poeira,
escrever algo tão estranho que a minha própria estranheza ao me ver no espelho
me parecesse a amizade de uma vida inteira.
Mas na vida real os desejos raramente são atendidos, pois poesias pertencem aos poetas,
vontades raramente são saciadas, amores dificilmente correspondidos, e loucuras facilmente confundidas.
Meu desejo é que ninguém deseje o que eu desejo.
Meu desejo é nunca ter desejado você, assim jamais desejaria tanto te esquecer.

Edson Carvalho Miranda
(12-07-2009)