terça-feira, 21 de maio de 2013

Fica a dica #1




sexta-feira, 22 de março de 2013

Sonho de uma Flauta


Nem toda palavra é
Aquilo que o dicionário diz
Nem todo pedaço de pedra
Se parece com tijolo ou com pedra de giz

Avião parece passarinho
Que não sabe bater asa
Passarinho voando longe
Parece borboleta que fugiu de casa

Borboleta parece flor
Que o vento tirou pra dançar
Flor parece a gente
Pois somos semente do que ainda virá

A gente parece formiga
Lá de cima do avião
O céu parece um chão de areia
Parece descanso pra minha oração

A nuvem parece fumaça
Tem gente que acha que ela é algodão
Algodão as vezes é doce
Mas as vezes é doce não

Sonho parece verdade
Quando a gente esquece de acordar
E o dia parece metade
Quando a gente acorda e esquece de levantar
Ah e o mundo é perfeito
Hum e o mundo é perfeito
E o mundo é perfeito

Eu não pareco meu pai
Nem pareco com meu irmão
Sei que toda mãe é santa
Mas a incerteza traz inspiração

Tem beijo que parece mordida
Tem mordida que parece carinho
Tem carinho que parece briga
Tem briga que aparece pra trazer sorriso

Tem sorriso que parece choro
Tem choro que é por alegria
Tem dia que parece noite
E a tristeza parece poesia

Tem motivo pra viver de novo
Tem o novo que quer ter motivo
Tem aquele que parece feio
Mas o coração nos diz que é o mais bonito

Descobrir o verdadeiro sentido das coisas
É querer saber demais
Querer saber demais

Sonho parece verdade
Quando a gente esquece de acordar
E o dia parece metade
Quando a gente acorda e esquece de levantar
Mas o sonho
Sonho parece verdade
Quando a gente esquece de acordar
E o dia parece metade
Quando a gente acorda e esquece de levantar
Ah e o mundo é perfeito
Mas o mundo é perfeito
O mundo é perfeito...

O Teatro Mágico

quinta-feira, 7 de março de 2013

Lançado ao Mar




Com a coragem e o desespero
Dos que topam ir mais fundo
Com a fantasia e o desejo
Dos que andam mesmo no escuro
Com a marca do tempo
Estampada na minha cara
E a leveza necessária
Pra viver o contra-senso
Pra viver sempre contra o tempo
Pra não ter tempo de ter senso
E não ter senso pra viver...

Ontem foi lançado ao mar
O meu coração,
Lançado ao mar
O meu coração,
Lançado ao mar

Com o conflito e a verdade
Dos que se passam apenas por tímidos
Com a loucura e todo o sexo
Dos que agirão sempre como filhos
Com a marca do tempo
Estampada na minha cara
E a leveza necessária
Pra viver o contra-senso
Pra viver sempre contra o tempo
Pra não ter tempo de ter senso
E não ter senso pra viver...

Wilson Sideral

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

3 dias

Hoje estou louca
estou isolada
estou desolada.

Nem a minha música me acalma
é uma boca que cala e
um coração que quase explode
de tanto barulho, tanta lamentação,
um choro que não acaba.

Busco tanto a simplicidade
e encontrei alguém pra competir
competir não entendi muito bem em quê,
e acha que a vida tem tanta regra
tanto conceito, tanta filosofia,
eu perco as batalhas
e fico arrazada no outro dia.

Me sinto tão burra, tão ignorante.
Tanta coisa que eu achava estar superada
retoma no auge da minha agonia.
Uma tortura, um castigo,
na alma, no corpo,
na minha opinião que não posso expor
na minha defesa que não posso fazer
mas o julgamento é certo de haver.

Sou obrigada a admitir calada
e recordo minhas antigas prisões.
Eu não sei o que fazer,
é uma vontade de sumir,
uma vontade de morrer
ou de matar algo em mim.

Eu tenho medo,
de atender o telefone
de receber qualquer linha
e esta me faça sofrer, mais.
Eu não posso ter a fragilidade de uma mulher
eu não posso ser dura com meus sentimentos
eu não posso falar com quem confio,
eu não posso nada, nem dormir.

E a tortura não acaba
se ouso querer levantar
ganho outra porrada pra lembrar
que quem me conhece mais profundamente
não gosta de mim,
não conseguiria conviver ou suportar,
e eu só prezo a minha paz,
que paz sofrida, mal compreendida.

Meus filhos, minha casa, meus amigos
tesouros intocáveis tão destrutivos
a quem possa querer, algum deles me arrancar,
e a minha liberdade, jaz numa lenda
uma cova funda e nem posso citar.
E o trabalho, escravo ou não,
pernilongos voam,
ventilador ligado
não posso a perna acomodar.

Estou tão cansada, tão desanimada,
tão feliz e infeliz,
que não sei de mais nada,
preferia estar só feliz.
Me falta uma cachaça,
um abraço, uma salada,
um abraço forte,
e de graça.

Me basta tudo que é jogado na cara
o que passou, passou,
eu quero continuar na estrada
sem pagar cada kilômetro
com uma pá e uma enxada
desejando a morte
porque não posso voltar no tempo
e fazer diferente, já foi.

Essa dor que me corta,
essa língua afiada,
uma masmorra da sorte.
Quase um "metal contra as nuvens"
tão nobre, tão lindo, tão forte,
mas eu sou fraca, ridícula e esnobe,
pago por existir e viso a esperança
num tempo desforme,
um tempo que não é meu.

Como uma pessoa dorme
quando derruba a outra
e esta só sofre.
Não faz mais nada, só sofre.
Não pode fazer mais nada, só sofre.
Dói, chora, enlouquece e sofre!
Emudece a própria alma e sofre.

De tudo me cobram, e como vou recuperar
como fazer um acerto de contas
sem ter como pesar,
sem ter como comparar,
não tem como comparar, não tem!
Um nunca vai ser igual ao outro
e ninguém será perfeito.

Por que ter a própria individualidade
é tão difícil, tão impedida quando reinvindicada
a única coisa que eu teria teoricamente.
Uma pessoa triste que quer?
Uma pessoa triste terá,
e qualquer outra característica se perderá.

Não sei o que me inspira,
se é que algo me inspira,
talvez um pouco de revolta
por não saber me manifestar,
e a dor vai e volta,
e a criatura só sofre,
sozinha, calada, idiota!

Gota a gota a água vai preenchendo a garrafa
e uma dor de cabeça insistente
vai me derrubando enquanto imploro um colo,
um carinho, um afago, uma mentira, um consolo.
De tantas tantas ilusões
temo a indiferença impregnar na minha rotina,
não mais precisaria de uma cortina
pra me esconder, esconder quem precisa.

Que venham estrelas para o meu dia
que me mostrem o que mais necessito
que me devolvam um pouco do meu amor
tanto me apertaram que parte evaporou
e quem disse que um dia se emocionou
tenha consciência de onde é forte
e quando falhou, antes que tudo vire inferno,
tudo vire um deserto, onde a flor secou.

E eu nem disse tudo, nem chorei tudo...

Jenny Faulstich
(30/01/2013)