quarta-feira, 22 de outubro de 2008

"Eu", ela, eu e os versos

Comecei a conhecer um pouco da obra de Florbela Espanca, por indicação de dois queridos amigos: João Marcello (Johnny) e Robson Santos (Robinho). O comentário de um deles, embora já faça - gentilmente falando - um bommm tempo, e corrijam-me se eu estiver equivocada, foi algo similar à: "Seus versos têm um 'quê' de Florbela, você já leu?". Até então eu nunca tinha sequer ouvido falar. Procurei na 'grande rede' por alguns poemas de autoria dela para ter noção sobre esse 'quê', pois pareceu-me ser um grande elogio. Um dos primeiros que li:


"EU

Eu sou a que no mundo anda perdida,
eu sou a que na vida não tem norte,
sou a irmã do sonho, e desta sorte
sou a crucificada ... a dolorida ...

Sombra de névoa tênue e esvaecida,
e que o destino amargo, triste e forte,
impele brutalmente para a morte!
alma de luto sempre incompreendida! ...

Sou aquela que passa e ninguém vê...
sou a que chamam triste sem o ser...
sou a que chora sem saber porquê...

Sou talvez a visão que alguém sonhou,
alguém que veio ao mundo pra me ver
e que nunca na vida me encontrou!"


Causou-me aquela reação do tipo: "onde assino?". Ultimamente tenho lido um pouco mais, o que na verdade acho que deveria ser um hábito constante e admito, não leio com a freqüência que gostaria. Mas estou me esforçando. E para compartilhar entre outras descobertas literárias maravilhosas que tenho felizmente vivenciado, mais uma citação de Florbela, que encontrei no livro 'Poesia de Florbela Espanca' Volume 2, que me fora emprestado gentilmente pelo amigo Abel Ricardo:

"...O meu mundo não é como o dos outros, quero demais, exijo demais, há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que nem eu mesma compreendo, pois estou longe de ser uma pessimista, sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada, uma alma que não se sente bem onde está, que tem saudades... sei lá de quê!"

Abrçs...
* Jenny Faulstich

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