sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Consciência afro-descendente

Passei o feriado, ou o dia dedicado a consciência negra tentando entender o que nos trouxe até aqui até o agora, o hoje!

Não que não seja justo ter um dia de reflexão, ainda mais quando o Dia é criado em memória a um dos maiores ícones da história da nossa sociedade. Mas... reflexão sobre o que mesmo? O Que nos levou a conceber essa comemoração?

Há sim! O racismo.  Essa segregação, esse sentimento misturado com cultura, onde uma linha fina e tênue separa a piada da ofensa racial, do crime. Sim, pois de uma forma avessa, no Brasil hoje é crime, ou politicamente incorreto, dizer que um cidadão que tem a pigmentação da sua pele de uma determinada cor e chamá-lo por essa característica, de fato é justificável, afinal os cidadãos brasileiros, que agora temos que chamar de afro-descendentes, eles merecem todas as nossas homenagens, o nosso respeito e o agradecimento pela cota de participação na construção da nossa sociedade, claro que é justo! Justo e louvável.

Assim como foi justo para com os índios que essa mesma sociedade matou, e não satisfeita em exterminá-los, está apagando o pouco que ainda permanece do seu passado, da sua civilização, da sua cultura, transformando os remanescentes em capitalistas! Capitalistas corrompidos é bem verdade, e corruptores também, pois adquiriram certo poder... Pobres vítimas assim como os afro-descendentes.

Fico pensando em negros, índios, mamelucos, bugres, mestiços, caipiras, caboclos, alemães, italianos, turcos, sírios, libaneses, (parada para respirar) japoneses, decasegs, “nunsei”! Só sei que acabo ficando cafuso, ou digo, confuso ao perceber aonde cheguei refletindo!

Afinal esses todos, assim como os índios e os negros, também não são brasileiros, tanto quanto, os portugueses?

Eles também não ajudaram a construir essa sociedade, essa pátria que a todos nós acolhe?  

Então, vamos ser justos, resolveremos todos os problemas ligados ao racismo, criando um dia e um feriado de reflexão para cada uma das etnias e descendências. Pronto! O Brasil passará a ser o país mais democrático e justo do mundo. Não trabalharemos mais, é bem verdade, por conta de tantos feriados, ou sairemos da miséria ganhando hora extra de 100%! Mas, será que deixaremos de ser preconceituosos?

Sim! Preconceituosos..., afinal o problema não está na raça e sim no preconceito contra alguns que fazem parte de cada uma delas. E o pior! O preconceito na maioria das vezes começa ou parte daqueles que são da raça discriminada, mas por algum motivo se acham diferentes ou superiores, aí discriminam os seus semelhantes de raça, de etnia, de sangue.

            Não sou contra nenhuma manifestação que siga na direção de convivermos o mais pacificamente possível respeitando as diferenças, mas sou contra a criação dessas datas comemorativas que só fazem piorar o que já é ruim, sou contrário às cotas (separação por raça) e qualquer coisa que segregue um brasileiro dos demais.

Digo isso porque o dia que deveria ser o dia da consciência, não só a negra e sim a de todos os povos que compõem o Brasil, é o dia do folclore que anda esquecido, jogado, discriminado. Mas é o dia onde as tradições de todos os brasileiros independente da cor são ou deveriam, ser exaltadas, refletidas, direcionadas, relembradas, contadas e comemoradas com orgulho, todos juntos, afinal somos brasileiros,  ou até mesmo poderia ser o dia primeiro de janeiro, Dia mundial da paz,  Dia da confraternização universal entre os povos, mas parece não ser muito importantes para alguns... Quero só ver o dia que um “branquelo”, pobre, chegar numa delegacia de bairro nobre querendo prestar queixa de um cidadão afro-descendente com status dinheiro e poder que o tenha ofendido de forma racial, ou preconceituosa o que fará esse delegado?

Li muita coisa sobre segregação, racismo, preconceito, miséria e cheguei à conclusão que a cota que o Brasil precisa é de comida e saúde, até mesmo um pouco menos de cota de dengue,  para os pobres e, posteriormente, educação de qualidade, para todos!

Ao refletir no dia da consciência negra, sobre esses dias dedicados para alguns, sobre a incoerência, a segregação e as cotas, vi que a cada lei que o senado e o congresso aprovam, seja ela para diferenciar uma raça da outra ou diferenciar mulheres de homens ou mesmo para privilegiar alguns por sua cor, crença ou raça ignorando o mérito e a condição social, cada vez mais nos tornamos menos humanos e a sensação que fica é que estamos fazendo o caminho inverso ao trilhado pelos nossos ancestrais, os primitivos homens das cavernas. 


Edson Carvalho Miranda 

20-11-2008

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